segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Herói.

Desde minha infância eu sempre sonhei em ser um herói, salvar pessoas, ajudá-las, fazer com que os outros saibam que podem contar comigo. Parando para pensar é um sonho bem clichê entre as crianças, porém ele persistiu até os dias atuais e influenciou muitas das minhas escolhas, dentre elas a minha faculdade. 
Entretanto com o passar dos anos eu fui conhecendo o lado sombrio do mundo, da humanidade: eu conheci a raiva, o ódio, a vingança, o preconceito, a incompreensão e também conheci meus defeitos e o meu próprio lado obscuro. Dessa forma eu passei a odiar o mundo e todos esses idiotas que habitam-no, inclusive eu mesmo.
Mas, sabe qual é a ironia nisso tudo? Meu desejo não mudou. Você não acha estranho? Eu quero salvar um mundo que eu odeio, um mundo em que as pessoas que vivem nele me dão nojo, e eu nem ao menos sei o motivo por trás dessa minha vontade para querer salvar esses idiotas. Mas eu sinto que isso é o certo, algo me diz que esse mundo precisa ser salvo, pois lá no fundo, em suas raízes existe uma força poderosa que faz com que nós nos levantemos todos os dias, que faz com que os pais ensinem o filho, que faz com que um estudante chegue até a faculdade, que faz com que um trabalhador dê duro em sua jornada de trabalho, que faz com que nossas pernas continuem a caminhar. Eu acredito que é por essa força que eu continuo lutando, e eu carrego ela em meus punhos para poder acabar com o desespero que me assombra todos os dias.
Talvez essa força seja o que os humanos chamam de esperança.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O Muro das Lamentações

Dói. Eu não sei o motivo, eu não conheço a natureza disso ou sua origem, eu apenas sei que dói.
Eu estava jogado em meio as minhas inquietações, perguntando-me o que eu estava fazendo com os meus dias, não... o que eles estavam fazendo comigo. Eles passavam e levavam um pedaço do meu eu junto com eles. Eu estava sendo despedaçado, sentindo como se meu corpo e minha alma fossem partes de um quebra-cabeça e as peças, ah... essas já passavam de mil!
Vários pedacinhos que depois de separados eram incapazes de se juntar outra vez. Era um jogo sem qualquer tipo de solução para mim. Eu poderia tentar sabe, tentar, tentar, tentar, e tentar quantas vezes eu quisesse... Todavia era fato que aquilo me levaria a nada.
Minhas perguntas eram sempre assim. E continuam sendo. Eu apenas as crio, recrio, tudo para tentar compreender melhor o porquê de cada um daqueles pedaços de que sou feito. Mas... por qual motivo isso parece me afastar ainda mais da verdade? Por que isso parece me afastar ainda mais de conseguir ser feliz? Por que essa minha busca incessante por respostas me dá a sensação de estar te perdendo?
Quando percebo, já estou dividido ainda mais, enquanto firmo os meus pés no chão, forte como um muro, tentando carregar a dor de todos que estão a minha volta como uma espécie de herói. Talvez a melhor definição para o que eu sou agora seja realmente um Muro das Lamentações.
Mas... a verdade é que estou perdendo minha estabilidade. Tenho a sensação de estar chegando ao meu limite, estou carregando tantas coisas em meus ombros que meus joelhos estão quase sendo atraídos pelo chão.
Estou caindo, caindo, caindo e caindo... e eu grito por ti. Mas você não vai me salvar, não por que não quer, mas porque não pode. E eu sempre soube disso.
A maior verdade do mundo é a sua maior tristeza: estamos todos sozinhos. Ninguém será completamente meu e ninguém irá me entender completamente. E vice-versa. É nesse momento que armo o palco para minha autodestruição.
Eu quero salvar a todos, eu quero ajudar a todos, eu quero compreender a todos. E eu quero te amar. Porém pessoas como eu não costumam ser bem recebidas num mundo como esse, pois somos fracas.
Apoiamo-nos em sonhos e esperanças e essas são verdadeiras armadilhas, apenas aumentam o tamanho de nossas quedas. Mas o que eu deveria fazer?  Dentro de mim ainda vive um jovem sonhador que espera fazer algo pelo mundo.
Sim. Você despertou sentimentos novos, bons e ruins. Não sei se é amor ou outra coisa. Não consigo compreender completamente o que você representa para mim.
Na verdade não consigo compreender nada. Mas eu te digo algo: aguentarei meu ciúmes, aguentarei ter que saber que outros te tocaram, aguentarei saber que você nunca estará comigo.
Suportarei a noção de que sua felicidade não depende de mim, pois eu sou o Muro, e o Muro deve suportar todas as lamentações e tristezas, mesmo que ele comece a ruir, me apoiarei em meus pensamentos e em meus sentimentos para me reerguer.

Pois algum dia eu terei respostas... algum dia... com certeza... eu as terei.

terça-feira, 6 de agosto de 2013


"Eu sempre imaginei que sofreria cada vez menos a partir do momento em que desacreditasse mais e mais nas palavras que me dizem ou nas promessas que me são feitas. Entretanto, agora que eu me tornei esse tipo de pessoa depois de tantas mentiras, a sensação que tenho é de estar me afogando em minhas dúvidas, em minhas incertezas e em minhas desconfianças. Sinto-me encurralado, pois não importa o quanto eu mude ou o quanto eu me esforce, as pessoas continuarão a me machucar, seja direta ou indiretamente.
Como eu posso fugir de tudo isso, se na verdade o que eu mais desejo é alguém que eu possa me entregar totalmente e me sentir livre ao seu lado?"

domingo, 4 de agosto de 2013

Infinito

Ei, em quantos pedaços você acha que um coração pode ser quebrado?
Talvez dez, vinte, trinta, cem... ou então cada coração possui um número particular deles?
Se a última opção for a correta eu me pergunto qual seria o valor correspondente ao meu, e também, quantos pedaços já foram arrancados de mim.
Será que estou perto do meu limite? Ou, o que me aterroriza, será que meu coração já sofreu tanto que, assim como um átomo, tornou-se indivisível? Mas se isto for verdade o que vem agora? Afinal, enquanto nós vivermos continuaremos a sofrer; teremos decepções, separações, angústias, medos... e no meio de tudo isso nosso coração é aquele que recebe toda a carga, o peso de nossas relações e de nossas escolhas.
Se ele então não pode ser mais quebrado o que aconteceria se mais algum evento o atingisse? Simplesmente seria destruído por completo?
Eu acredito que nem todos os corações são derrotados assim tão facilmente, pois a verdade é que, assim como o sistema imunológico protege o nosso corpo contra invasores, um coração também possui uma linha de defesa para auxiliá-lo. Claro, quando falamos de coração não estamos nos referindo ao órgão do corpo humano nesse contexto, mas sim, a representação em uma figura de toda uma carga emocional de um indivíduo que o acompanha desde o seu nascimento.
E, então, do que seria formada essa linha de defesa?
Ora, de outros corações obviamente. Ou simplesmente de um.
A verdade é que por mais que alguns sirvam de inimigos, que nos machuquem, são outros também que estão ali para juntar as peças que foram separadas da original, fazendo o papel de reorganizadores.
Ah, por que eu acho isso? Bem, se for realmente um fato que cada coração tem um limite pré-determinado, o que iria se suceder se não existisse alguém que os curasse? Quantas pessoas agora já não possuiriam mais esperança num mundo onde ela serve como fonte de energia para que os humanos continuem seguindo em frente? Quantos já não teriam sido engolidos por uma besta caçadora de sonhos?


Sim, eu possuo inseguranças, muitas, entretanto, também sei que se eu não me arriscar, se eu não tentar, se eu continuar parado deixando elas me devorarem por dentro e tirarem meu direito de ser livre, não alcançarei nunca aquilo que tanto desejo. E para que eu possa me arriscar com um pouco mais de tranquilidade conto com o meu sistema de defesa, ou seja, com os corações que estão ao meu lado me dando suporte, seja aconselhando, ouvindo, compartilhando vivências...

Por isso, meu caro, eu digo que não existe limite para um coração que está acompanhado de outro ou outros corações, pois eles, juntos, somam o infinito.

domingo, 23 de junho de 2013

Agradecimento.

Sabe, na verdade eu sempre fui muito egoísta. Eu achava que gostar de alguém me dava o direito de querer possuir aquela pessoa, e o fato de querer torna-la apenas minha me fazia acreditar que aquilo era amor. Talvez essa confusão ocorra com muitas outras pessoas, não sei. Porém, essa minha visão egocêntrica ficou para trás a partir do momento em que o conheci.
Foi um encontro rápido, de menos de quatro horas, mas aquele pequeno período de tempo contou mais do que anos de convivência com outros. Você já sentiu isso? Quero dizer, pode parecer clichê, mas você já sentiu que conhecia alguém na primeira conversa que teve com essa pessoa? Como de épocas diferentes, vidas passadas... essas coisas?
Pois é, eu senti com ele. Todavia, no mesmo tempo em que eu sentia que podia me abrir completamente eu não conseguia agir de forma natural em alguns instantes, pois algo dentro de mim não parava de repetir “É ele, é ele!”, e isso me desestabilizava, me deixava sem ação. Começava a nascer ali um sentimento que eu nunca tivera vivenciado, que eu nunca tivera contato antes.
Eu não havia percebido, mas eu estava começando a sentir o que as pessoas chamavam de amor.
Por que eu digo isso com tanta certeza agora? Por que não acho que estou me enganando outra vez?
É simples. O amor é simples.
Sim, eu gostaria de tê-lo aqui comigo todas as noites em minha cama para dormirmos e acordarmos juntos, mas eu sei que no fundo ele não pertence a mim, não enquanto ele não quiser pertencer. Eu sei, agora, que amar não é querer ser o domador, mas sim, ser domado. É desejar a felicidade do outro ele estando ou não comigo, mas presando também pela minha própria felicidade.
É compreender que amar é bom, gostoso, que tal ato me faz sentir uma pessoa melhor, mais madura e ponto. É compreender que não dependo de poder chamar quem eu amo de namorado, mas saber que eu amo, saber que para mim existe alguém tão especial que eu faria loucuras por ele sem esperar nada em troca.
É essa sensação de carinho, preocupação, proteção que importa no fim das contas. E eu sou grato, muito grato a ele por isso. Pois eu pude ter nessa vida algo tão belo e puro que deu mais significado para ela apenas pela sua existência.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Outono

Uma, duas estão caindo.

Eram quentes... aquelas mãos que acariciavam meu rosto eram quentes e únicas.
E eram minhas, apenas minhas. Estavam ali para me cuidar, estavam ali para me mimar, estavam ali para empunhar a espada quando eu já não tinha mais forças para me defender sozinho... Estavam ali para segurar as minhas mãos.
... Não estão mais aqui.
Não posso sentir. Estão longe. Estão dando atenção para outros rostos, outras mãos, outros corpos.

Três, quatro estão caindo.

Aqueles olhos refletiam a vitória. Aqueles olhos nos refletiam.
 O seu olhar era o meu esconderijo, meu porto seguro. Você era a medusa e eu... eu era o bobo petrificado que perdia todas as forças quando me encarava da forma mais apaixonante que ninguém havia me encarado antes.
Entretanto, Perseu apareceu e eu não notei que a Medusa morrera e o efeito de seus poderes persistiu em mim.
Aqueles olhos refletem a vitória... apenas a vitória, e para isso, não há espaço para o bobo.

Cinco, seis estão caindo.

Eu era envolto pelos teus braços... sim... todas as noites você me abraçava e eu realmente me sentia amado, realmente acreditava que, assim como dizia, estava feliz de eu estar ali contigo.
Acreditava que mesmo sendo tão diferentes, mesmo tendo ideias tão opostas, mesmo que não planejássemos o futuro... haveria sim um para nós.
Mas não houve. E o passado... Ah o passado, devora-me com suas gigantes presas.

Sete, oito, nove, dez...

Todas as folhas que embelezavam aquela árvore estão caindo.

Dez, onze, doze...

Todas as folhas caíram, exceto uma.
Aquela única e pequena folha continua lá, firme e forte.
Não tem vento, não tem chuva, nem ao menos intervenção antrópica que a arranque.
Aquela folha...
Por quê? Por que ela insiste em não tocar o chão assim como as outras?
Qual a razão de ela lutar tanto e não ceder?
Bem.
Eu acho... não, tenho certeza, que a obstinação dela é porque ainda está aprendendo a como dizer adeus aos tempos quentes do verão, dizer adeus àquela época em que tudo era tão vivo.
Aquela pobre folha precisa aprender a se despedir para que o ciclo das estações prossiga.